A FÁBULA DO REI
Em uma terra nem tão distante havia um rei, o Senhor Naja, que adorava se vestir de azul. Ele presidia o Conselho dos Anciãos, um grupo de velhos gagás “responsáveis” pelo poder do local. Responsáveis no sentido figurado, pois quem detinha o verdadeiro poder do local era o Senhor Ratazana, que se vestia de vermelho, e liderava um grupo secreto cujo nome ninguém ousava pronunciar, pois este nome transmitia medo e provocava calafrios. O nome do grupo liderado pelo Senhor Ratazana era Os Assassinos. Esse grupo espalhava o terror na plebe, cobrando impostos abusivos e provocando atos violentos sem qualquer pena ou arrependimento.
O Senhor Ratazana era o general do local e o poder militar deveria ser a sua única função, mas como vamos ver adiante ele também exercia o poder político e jurídico. Os demais poderes se davam através do controle mental que ele exercia sobre o Senhor Naja, um sujeito meio afeminado e que tinha sonhos eróticos com o Senhor Ratazana em segredo. Uma das grandes qualidades do Senhor Ratazana era o seu poder de manipular as pessoas sem que elas percebessem. Ele manipulava o Senhor Naja, pois sabia do interesse do rei por ele, e com isso tinha o poder sobre o Conselho dos Anciãos, que só cumpria com os desejos perversos do Senhor Ratazana.
A plebe era, infelizmente, um povo burro, pois aceitava sem provocar rebeliões os desmandos doentios do Conselho dos Anciãos. Quem ousava falar mal do sistema imposto naquela terra era cruelmente reprimido, sendo trancafiado nas masmorras por tempo indeterminado e tendo a sua boca presa por uma máscara de ferro. Dessa forma imperava a ditadura de que tudo estava bem e caminhava para o progresso, que melhorias seriam feitas com o tempo e que não havia motivo para reclamações, pois o Conselho dos Anciãos só se preocupava com o povo, mas na verdade a podridão era evidente para quem tivesse o mínimo de inteligência e o Conselho dos Anciãos se enriquecia às custas de falsas promessas e de esquemas tapa-buracos feitos com urgência.
O Senhor Ratazana tinha um sonho que guardava às sete chaves: ele planejava acabar com o Conselho dos Anciãos e assumir de vez o poder daquela terra. Ele não queria obter ouro ou terras, o seu desejo era apenas mandar em outras pessoas, pois ele tinha o fascínio pela dominação. Ele via os outros homens como servos e como servos estes deveriam servi-lo ao seu bem entender. Mas o Senhor Ratazana deveria ter calma e frieza, pois não poderia permitir que o Conselho dos Anciãos descobrisse a verdade. Ele iria matar o Senhor Naja e colocaria a culpa em algum pobre coitado, mas ele ainda não havia encontrado o seu bode expiatório.
Tudo mudou quando chegou um forasteiro àquela terra. Aquele forasteiro era o bode expiatório que o Senhor Ratazana precisava para realizar o grande plano da sua vida. Mas vamos entender com calma como tudo se desenrolou. Antes é preciso explicar quem era aquele forasteiro e como ele foi vítima da falta de escrúpulos do Senhor Ratazana e como foi covardemente traído pela plebe que tanto ajudou.
Era uma tarde de outono quando um forasteiro cujo nome era um mistério chegou àquelas bandas próximas. Ele vivia peregrinando, criando jogos, contando histórias, declamando poemas e fazendo músicas. Era um artista cuja virtude era querer divertir os outros em troca de hospedagem e comida. Ele veio parar naquela terra por acaso, mas à primeira vista se apaixonou. Na floresta não havia animais perigosos, havia um rio cheio de peixes e existia uma aldeia de casas bucólicas onde moravam pessoas conformadas. O forasteiro dos joguinhos se aproximou de uma casa e pediu hospedagem. Em troca ele animou a noite daquela triste família com seus jogos criativos.
Ele mudou de casa e foi animando a vida de outras famílias e logo o pequeno vilarejo se tornou mais feliz e menos cinzento. Os jogos do forasteiro passaram a ser realizados ao ar livre e tiveram muitos adeptos. Era de alegria e esperança que aquele povo sofrido precisava. O forasteiro dos joguinhos começou a alertar a plebe de que ela não podia aceitar os desmandos do Conselho dos Anciãos e que precisava lutar pelos seus direitos. A plebe abandonou o medo e certo dia o Senhor Hortaliça foi pego de surpresa.
Vou abrir uns parênteses para explicar quem era o Senhor Hortaliça e qual a sua importância para a história. Ele era o irmão mais novo do Senhor Ratazana, se vestia de verde, e era braço-direito do Senhor Ratazana. Não. Braço-direito é muito. O Senhor Hortaliça era mais uma marionete do Senhor Ratazana, um ser sem importância alguma, que, embora exercesse o poder de cobrar impostos, mantinha-se apático à imponência e grandiosidade do Senhor Ratazana, este sim uma figura que merece todo o destaque nessa história.
O Senhor Hortaliça chegou à aldeia para cobrar os impostos pela última colheita, mas a plebe liderada pelo forasteiro dos joguinhos se rebelou e expulsou o Senhor Hortaliça dali. O Senhor Hortaliça chegou ao castelo e contou tudo ao Senhor Ratazana, que ficou furioso e teve um ataque de fúria, quebrando os móveis ao seu redor. Ele foi correndo contar sobre o acontecido ao Senhor Naja e pediu que ele capturasse o forasteiro dos joguinhos e o mandasse para as masmorras. O Senhor Naja concordou e deu poder ao Senhor Ratazana para fazer o que quisesse. O Senhor Ratazana estava a caminho da aldeia para capturar o forasteiro dos joguinhos, quando percebeu que isso ia causar a revolta da plebe. Foi então que teve uma ideia genial (todas as suas ideias eram geniais).
Chegou um velho pobre à aldeia. Ele se chamava Sam. Ele estava completamente machucado, pois o Exército do Rei lhe agrediu porque ele não tinha dinheiro para pagar os impostos. O forasteiro dos joguinhos o levou para a sua casa (ele havia construído uma casa desde que chegara à aldeia) e cuidou dele. O velho logo conquistou a confiança do forasteiro dos joguinhos e da plebe. Algum tempo depois o forasteiro dos joguinhos resolveu fazer mais um de seus jogos e insistiu para que o velho participasse. O velho recusou, mas o forasteiro insistiu tanto que o velho Sam acabou aceitando. O velho, nesse meio tempo, já era bastante querido pela plebe e muito respeitado.
O jogo criado pelo forasteiro dos joguinhos se chamava O último no barco, pois se passava num barco atracado ao rio perto dali. Algumas pessoas ficariam confinadas e a cada semana alguém seria eliminado após a realização de provas. No final, o forasteiro dos joguinhos daria um prêmio ao vencedor. Assim o jogo se iniciou. O velho começou a falar da sua fragilidade, idade avançada, problemas de saúde, para o forasteiro dos joguinhos e assim sem que percebesse o forasteiro começou a dar dicas para o velho. O velho estava manipulando o organizador do jogo sem que este percebesse. O velho começou a jogar os participantes uns contra os outros e os participantes contra o forasteiro dos joguinhos. O barco começou a afundar.
O forasteiro dos joguinhos percebeu a manipulação do velho e tentou alertar todos os participantes, mas estes se revoltaram contra o forasteiro e defenderam o velho Sam. O forasteiro ofendeu tanto o velho, que a plebe tentou linchá-lo. Ele, recuado, fugiu, mas na fuga foi capturado pelos Os Assassinos e foi levado para as masmorras, onde levou uma surra. A porta da masmorra se abriu o velho entrou. O velho corcunda se endireitou, jogou a bengala fora e encarou o forasteiro dos joguinhos. Ele deu uma risada. O velho tirou a máscara e se revelou: era o Senhor Ratazana disfarçado.
Conseguirá o forasteiro dos joguinhos escapar das masmorras? A plebe acordará para os desmandos do Senhor Ratazana? O Senhor Ratazana conseguirá tomar o poder do Conselho dos Anciãos?
Aguardem os próximos capítulos.
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